O ministério público acabou por proibir em diversas cidades brasileiras a Marcha da Maconha (veja aqui, aqui, e também aqui), movimento que busca a legalização da droga. O argumento dos promotores é que a marcha representa “verdadeira guerra declarada contra a saúde pública”.
Não sou usuário de maconha e nem a favor da legalização. Mas sou a favor da liberdade de pensamento e expressão. Essa liberdade só existe quando se pode discutir livremente qualquer idéia ou doutrina, por mais imoral que ela seja.
No caso da maconha, por exemplo, aqueles que desejam calar a voz dos manifestantes acreditam estarem corretos sobre a proibição da maconha, porém eles não são infalíveis. Eles não têm autoridade para julgar a questão por todo mundo e excluir os outros desse julgamento. Recusar que outras pessoas sejam ouvidas sobre o tema simplesmente porque acreditam que elas estejam erradas, significa assumir que se tem certeza absoluta do que é certo. Ou seja, quem proíbe os outros de se expressar por estarem eles errados se acha infalível. Mas a história está cheia de exemplos de julgamentos “infalíveis”. Um do mais notórios é o da Inquisição que ordenou a prisão de Galileu por ele ter a visão supostamente herética de que a Terra gira em torno do Sol.
Mas o maior problema de querer calar os outros à força é que ao se fazer isso, todos são prejudicados, tanto os que são favoráveis quanto os que são contra. Se a legalização for o mais correto, então perdemos a oportunidade de corrigir o nosso erro. Se a legalização for a decisão errada, então perdemos a oportunidade de, através do debate, convencer aqueles favoráveis à legalização.
*Não há nada de novo nos meus argumentos. Pelo contrário, retirei todos eles do excelente On Liberty, do inglês John Stuart Mill.
4 comentários:
No geral, concordo com seus argumentos e a analogia com a Inquisicao vs Galileu foi excelente.
Por outro lado, existe uma lei no Brasil que limita a liberdade de expressao quando considera que tal expressao eh um incentivo ao uso de drogas.
Sou a favor do debate, portanto, nao estou de acordo com a lei. Mas assim como o Reinaldo Azevedo, fiquei feliz em ver a lei ser cumprida. Embora seja uma felicidade irrisória ja que eu gostaria mesmo de ver eh a lei sendo cumprida nos casos de corrupcao do governo, trafico de drogas etc.
Alias, com tantas coisas para protestar (contra as invasoes do MST, politicas internas e externas absurdas do Lula etc)... sera que deviamos mesmo estar falando de maconha?
Abracos,
"Um do mais notórios é o da Inquisição que ordenou a prisão de Galileu por ele ter a visão supostamente herética de que a Terra gira em torno do Sol."
Antes de escrever pesquise em fontes confiáveis. Galileu não foi condenado por dizer que a Terra girava em torno do Sol, Copérnico já tinha dito isso muito antes, e sim censurado por querer provar a, até então, teoria Heliocêntrica se baseando nas Escrituras Sagradas. Ele foi condenado por heresia em relação ao dogma da transubstanciação.
É só um toque para você não sair repetindo sem pesquisar o que professores e mídia usam como mantra e slogan .
Caro marcelo,
Obrigado pelo seu comentário.
Só não entendi porque voce diz que eu não devo "sair repetindo sem pesquisar o que professores e mídia usam como mantra e slogan" se eu falo claramente no artigo a fonte dos meus argumentos: On Liberty, do John Stuart Mill. Talvez você não tenha lido o artigo até o fim...
De qualquer forma, o argumento central do artigo permanece inalterado.
Eu não acredito que a legalização implica em incentivo ao uso de drogas. Eu acredito que uma vez que a droga é legalizada, é possível ter um maior controle sobre o que é o produzido e por quem é produzido.
Os valores que as pessoas têm não mudam se tal lei diz ou não se algo é legal.
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