sexta-feira, 18 de julho de 2008

Carreira boa

Quando se pensa em político dois cenários vêm à cabeça. Ou o cara vai fazer um monte de leis inúteis que só servem pra atrapalhar ou o cara vai roubar. Até aí nenhuma novidade.

O que espanta são os números divulgados recentemente pelo TSE. Já são mais de 370 mil pedidos de candidatura para as próximas eleições municipais!

Parece mesmo que ninguém quer ficar de fora da farra.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Garapa

A impressão que se tem é de que noventa porcento dos filmes brasileiros retratam de alguma forma a pobreza do sertão nordestino em suas mil e uma variantes. Acho que os roteiristas, diretores, atores, e produtores acreditam que o tema lhes confira uma aura de intelectuais engajados na luta contra a miséria. Ou talvez a razão seja simplesmente a de que essa temática ajude a captar patrocínios públicos. De qualquer forma, é uma baita falta de imaginação!

Pois é, o último filme a seguir a temática é o Garapa, do badalado diretor José Padilha. No documentário ele segue três famílias cearenses que passam fome e a alimentam suas crianças com garapa (uma mistura de água com açúcar). A situação dessas famílias é mesmo muito triste.

Mas essa situação não é tão freqüente quanto os proponentes do bolsa família nos querem fazer crer. Em mais um brilhante artigo o jornalista Ali Kamel desmonta a tese de que há dezenas de milhões de pessoas com insegurança alimentar no Brasil. O seu argumento se baseia em dois pontos principais que eu resumo abaixo.

O primeiro é que a forma como a pesquisa sobre insegurança alimentar é feita leva a conclusões equivocadas a respeito da fome. A metodologia de pesquisa usada no Brasil é a mesma da utilizada nos Estados Unidos. E lá a pesquisa concluiu que em 2006 haviam mais de 35 milhões de pessoas com insegurança alimentar. Quem já pôs os pés nos Estados Unidos pelo menos uma vez na vida sabe que esse número não reflete a realidade.

O segundo argumento se baseia na premissa que a única maneira de se medir a fome de forma objetiva é medindo a altura e peso, ou seja, calculando o índice de massa corporal. E os números mostram que entre 2002 e 2003 o índice de pessoas magras no Brasil se encontrava em 4%, abaixo dos 5% considerados aceitáveis pela OMS. É claro que esse número é uma média, mas mesmo olhando para outros estratos os números são parecidos. Em 2006 as pesquisas mostram que a situação só é mesmo mais grave entre as mulheres sem escolaridade (5.3%) e com mais de 6 filhos (6%).

Ora, se a fome no Brasil é um problema claramente localizado como mostram as pesquisas do IBGE, por que distribuir o bolsa família para 46 milhões de pessoas? E por que, à época da divulgação da pesquisa do IBGE no início de 2005, o presidente Lula se apressou em desqualificá-la (veja aqui)?

A resposta é simples: o bolsa família não é um simples programa de erradicação da fome, mas um programa populista que o governo petista visa tornar o mais amplo possível. Com milhões de brasileiros clientes do governo, não é de se admirar a resiliência da popularidade do presidente.
E filmes como Garapa caem como uma luva no discurso mistificador do nosso presidente. O que não dificulta em nada a liberação de verbas da Ancine, mais de R$ 1 milhão, Petrobras*, etc.

*O nome do filme era Fome.

sábado, 5 de julho de 2008

Cotas

As cotas estão na moda. São as chamadas ações afirmativas. Já temos cotas pra índios, negros e agora para alunos de escolas públicas que desejam entrar nas universidades federais (veja aqui).

Não é preciso ser muito esperto para perceber que as cotas raciais não passam da legalização do racismo. Se duas pessoas são igualmente competentes e tiveram as mesmas oportunidades, por que dar a vaga na universidade pra quem é negro somente por conta da cor da pele?

Do jeito que a coisa anda em breve teremos 50% de cotas para negros, 50% para índios, 50% para alunos de escolas públicas, 50% para deficientes, 50% para filhos de militares, 50% para idosos, 50% para gestantes, 50% para petistas, 50% para perseguidos políticos, 50% para cubanos, 50% para os amigos do filho do presidente, etc.

Vai faltar vaga nas universidades federais!

Ainda sobre o tema vale a pena ver o vídeo abaixo. Nele o deputado Jair Bolsonaro ataca o sistema de cotas. É um dos poucos discursos corajosos feitos no nosso congresso nos últimos anos.


terça-feira, 1 de julho de 2008

Quem quer ter um filho gay?

A modelo Isabeli Fontana virou alvo das críticas dos homosexuais por dizer no programa da Hebe Camargo que não gostaria de ter um filho gay (veja aqui).

Pra quê? No Brasil de hoje não se pode falar nada de homossexual. Qualquer coisa é preconceito e homofobia. Segundo eles a modelo é “mente fraca e preconceituosa” e não sabe “respeitar e entender as diferenças”.

Ora, quem é preconceituoso e não sabe entender as diferenças são aqueles que não respeitam a opinião da modelo. Tolerar os homosexuais não significa que se tem que gostar do comportamento deles.

A verdade é que o Brasil é um país que respeita bastante os homossexuais. Apesar disso, muitos ainda ficam melindrados com cada coisa que se fala ou se deixa de falar deles.

Difícil mesmo é ser gay no mundo mulçumano.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Nova panacéia

Já comentei em outro texto que o aluno das escolas públicas brasileiras não sabem contar, ler ou escrever. Mas como todos esperam por soluções instantâneas para problemas complexos, mais uma solução estúpida está sendo proposta. No Rio de Janeiro, uma lei que em breve será regulamentada obrigará as escolas estaduais a ensinar xadrez aos seus alunos (veja aqui).

De alguma forma o xadrez fará com que alunos medíocres melhorem nas outras disciplinas. Mas que tal investir nos professores de matemática e português? Que tal investir em laboratórios de ciências? Que tal aumentar os salários dos professores de física? Que tal reduzir o número de feriados e “enforcamentos”? Que tal reprovar os alunos que não aprendem?Ah não! Isso leva tempo, é caro e provavelmente impopular. Pode deixar que o xadrez resolve!

E por que não testar o xadrez em apenas algumas escolas por alguns anos e ver se o desempenho dos alunos realmente melhora? Mas não, a lei é feita sem nunhum tipo de estudo sério. No Rio de Janeiro, tudo é feito de maneira leviana. O pior é que ninguém vai lembrar de revogar a lei daqui a alguns anos quando o desempenho escolar continuar sendo pífio. Ficaremos com mais um elefante branco.

E se já não temos professores de matemática qualificados, imaginem professores de xadrez. Ou alguém acha que tem algum jogador de xadrez decente em Cambuci?

sábado, 21 de junho de 2008

Bolsa refugiado

Duvidar da honestidade e boas intenções do governo petista é mais do que bom senso, é obrigação. Conforme noticiado no jornal O Globo, a nova idéia do governo petista é a da “bolsa refugiado” (veja aqui).

O curioso é que durante os jogos Pan-americanos, o governo petista devolveu em tempo recorde ao regime cubano os pugilistas que pediram asilo político ao Brasil, tudo feito de maneira muito nebulosa (aqui). O detalhe é que a ditadura daquele país é reconhecidamente feroz contra os dissidentes políticos. Muito, mas muito mais cruel contra os dissidentes do que a ditadura brasileira jamais foi contra Dilma Roussef e José Dirceu, dois terroristas que assaltavam bancos e planejavam homicídios.

O que nos leva a questionar o novo “bolsa refugiado”. Caramba, como reconciliar a nova bolsa com a atitude da polícia federal durante os jogos Pan-americanos? É claro que o governo petista só pode ter duas escalas de valores, uma pra quem é partidário da revolução comunista e outra pros demais. Dessa forma, atrocidades cometidas por ditadores como Hugo Chávez e Fidel Castro são relevadas, uma vez que feitas em prol do “bem maior”.

A boa notícia é que, graças a Deus, ao menos um dos pugilistas que o Brasil infamemente mandou de volta à Cuba finalmente conseguiu fugir, dessa vez pra Alemanha (saiba mais aqui). Lá talvez ele não ganhe a “bolsa refugiado”, mas com certeza não será traído de maneira vergonhosa.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Desigualdade social

Uns dias atrás li a colula da Míriam Leitão sobre a desigualdade social na China (veja aqui) e resolvi comentar o assunto. O meu objetivo não é esgotar a questão, mas somente levantar alguns pontos nos quais as pessoas raramente pensam.

Para a maior parte das pessoas a desigualdade social é um dos principais problemas do século XXI. É comum, por exemplo, se tratar a desigualdade como um mal em si próprio. É o ideário esquerdista de que todos devem ser iguais. Nesse caso, um presidente de empresa ganhar muito mais do que um operário seria injusto não importando as qualificações de um e de outro.

Na verdade, pouco se pensa nas causas e conseqüências da desigualdade. O problema da desigualdade se dá quando as oportunidades são diferentes. Quando um tem acesso a educação e o outro não, então a distribuição da renda será essencialmente injusta, uma vez que não reflete a diferença de talento ou esforço. É por isso que a ênfase deve ser sempre nos direitos iguais. Direitos iguais significam acesso a oportunidades, senão iguais, ao menos semelhantes.

Nos Estados Unidos, por exemplo, as oportunidades são essencialmente semelhantes. Como mostram os economistas da Universidade de Chicago Gary Becker (vencedor do prêmio Nobel de economia) e Kevin Murphy (vencedor da medalha John Bates Clark), a desigualdade crescente nos Estados Unidos é reflexo dos crescentes retornos que a educação oferece (veja aqui). Assim, uma pessoa que tem diploma universitário ganha cada vez mais que uma pessoa que pára de estudar após completar o segundo grau. Como os economistas mostram, cada vez mais estudantes acabam optando por ir à universidade. Para o país o resultado não poderia ser melhor: o capital humano cresce, a força de trabalho se torna mais produtiva, e o país fica mais rico.

Já na China a desigualdade tem uma história diferente. O crescimento econômico estimulado pelo comércio internacional aumentou muito a desigualdade naquele país, mas também tirou milhões de pessoas da pobreza absoluta. Sem dúvida, o crescimento acelerado melhorou a vida dos chineses pobres. Mas ao contrário do caso americano, na China as oportunidades não são iguais. Lá a burocracia do partido comunista decide quem tem acesso as regiões desenvolvidas que propiciam uma vida melhor. Lá a burocracia estatal decide quem vai viver na pobreza do campo e quem vai ter oportunidades nas grandes cidades para onde o governo direciona os investimentos.

Portanto, a briga não deve ser contra a desigualdade na renda, mas sim contra a desigualdade de oportunidades. Todos sabem que os seres humanos têm diferentes aptidões: uns são mais competentes, outros mais trabalhadores, outros são simplesmente vagabundos. Quando a desigualdade reflete os diferentes talentos e contribuições de cada um, então ela é benefica. Por exemplo, quando o Kaká ganha milhões de dólares por ano nao há nada de injusto nisso: ele está entre os melhores jogadores do mundo. Todos têm oportunidade de mostrar o seu talento nos campos de futebol, mas apenas poucos têm a qualidade técnica do Kaká. Se alguém acha que o salário dele é alto demais, deve então se dedicar a ser jogador de futebol e auferir os lucros que tal posição proporciona. Mas só quem tentar vai saber da real dificuldade. Ficar na frente da televisão exigindo igualdade é fácil.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Estimulantes químicos de uso ilegal

Hoje vou comentar a matéria publicada no congressoemfoco.com pelo Osvaldo Martins Rizzo, engenheiro e ex-conselheiro do BNDES. Na sua coluna do dia 8 de junho ele resolve explicar a quebra do banco de investimentos americano Bear Sterns (veja aqui). O problema é que ele não entendeu patavinas do que aconteceu e ainda por cima usa aqueles velhos chavões cansados de quem tem raiva do mercado financeiro.

Vamos lá. Ele começa dizendo:

“Enroscado em uma teia de papéis de derivativos de crédito sem lastro, a instituição passou a perder a confiança dos investidores e, em menos de 72 horas, quebrou.”

Falso. A crise começou em agosto de 2007 e culminou com a venda do Bear Sterns para o JPMorgan em maio de 2008, portanto o banco não quebrou em menos de 72 horas. Quanto aos derivativos de crédito que causaram a queda do banco, os famosos asset-backed securities, como o próprio nome diz eram todos lastreados. Os títulos do Bear Sterns davam direito ao banco receber o pagamento das hipotecas à medida que fossem feitos. Se alguém atrasasse o pagamento a sua casa ía a leilão para cobrir o prejuízo. Ou seja, os imóveis garantiam o rendimento dos titulos (os títulos eram lastreados). O grande problema é que as pessoas começaram a calotar ao mesmo tempo em que os imóveis caíam de preço, ou seja, o banco teve grandes prejuízos com seus investimentos.

Depois:

Muitos aplicadores que, até às vésperas da bancarrota, possuíam cotas dos fundos mútuos administrados pelo banco, enxergando uma oportunidade de auferir lucros, as venderam e passaram a apostar contra o Bear Stearns acelerando a sua quebra.”

Erro primário. O autor confunde cotista de fundo mútuo com acionista. O cotista de um fundo mútuo dá o seu dinheiro para o Bear Sterns administrar. O acionista aposta que o banco vai ser lucrativo. São coisas totalmente diferentes.

Ele continua:

“Como chacais famintos, esses ex-parceiros decidiram que a caça estava ferida e mataram-na, temporariamente saciando sua sede de sangue.”

É aquela velha analogia: o capitalista é o lobo mau, o trabalhador o cordeiro indefeso, etc. Haja paciência...

O autor segue despejando ignorância e preconceito:

“Nesse imediatista ambiente de negócios movido pela especulação predatória, e também por vários estimulantes químicos de uso ilegal, não se valoriza a produção; o trabalho árduo e a perseverança em se alcançar metas gratificantes de prazos mais longos.”

Aqui o autor insinua que quem trabalha no mercado financeiro usa drogas (“estimulantes químicos de uso ilegal”), o que é mais um daqueles rótulos burros, preconceituosos e ultrapassados. Depois o autor insinua que o capitalismo no modelo americano não valoriza a produção, o trabalho árduo e a perseverança. Mas não são os EUA o país mais rico e desenvolvido do mundo? Como chegariam lá se não com perseverança e trabalho árduo? E como ser rico sem produção?

E olhem essa:

“Entorpecidos pelos efeitos alucinógenos causados pela insana ganância, os financistas estão esquecendo que terras, casas, prédios, máquinas, etc são os verdadeiros e únicos ativos. Os papéis (bônus; ações; títulos; etc) não são bens, mas apenas indicam quem é o proprietário deles num determinado momento histórico. O valor do título de propriedade como objeto é ínfimo perante o bem material correspondente.

Dããããã. Será que quando alguém compra R$ 10 milhões em ações da Petrobras acha realmente que está comprando um pedaço de papel? Ou que quem compra um apartamento se confunde e acha que na verdade está comprando apenas a escritura cheia de carimbos e assinaturas? Fala sério seu Osvaldo!

Espero que o Sr. Osvaldo não tenha usado “estimulantes químicos de uso ilegal” para escrever o artigo. Mas não sei não...

sábado, 7 de junho de 2008

Pérola rara

Nesse blog eu evito falar de futebol. Mas às vezes não dá, eu não resisto. Afinal de contas o futebol é um manancial de pérolas inequecíveis. Pois veja o que disse o jogador Magal do Figueirense após a derrota de 5 a 0 para o Flamengo na tarde desse sábado:

- Estávamos bem até o zero a zero.

Detalhe: o primeiro gol do Flamengo foi aos 2 minutos de jogo! O primeiro tempo terminou 4 a 0!

Só faltou o Magal dizer que a equipe fez um bom aquecimento antes de entrar em campo...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Clube de futebol não é polícia

Após a confusão do último domingo no jogo entre Náutico e Botafogo, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) resolveu interditar o Estádio dos Aflitos. O Náutico pode ainda perder o mando de campo por 1 a 10 jogos, além de ter que pagar multa de R$10.000 a R$ 200.000 (veja aqui). O principal artigo em questão é o artigo 213: “Deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto”.

O problema começou quando o jogador André Luis do Botafogo foi expulso e saiu de campo xingando e fazendo gestos obscenos. O jogador se dirigiu então ao banco de reservas, o que não é permitido pela regra. A polícia tentou levá-lo ao vestiário do Botafogo, mas a porta estava trancada. Após muita confusão, a polícia retirou o jogador do estádio pelo meio da torcida do Náutico.

Pois então. A lei é absurda. O primeiro problema é que ela é genérica demais. Praticamente qualquer coisa pode ser enquadrada no artigo 213. Se for levada ao pé da letra não poderemos mais xingar a mãe do juiz ou provocar a torcida adversária, pois isso “pode causar desordem”. O artigo dá um enorme poder discricionário ao STJD: poder de decidir o que é permitido ou não nos estádios. E qual é a legitimidade que o STJD tem pra decidir esse tipo de coisa?

Segundo lugar, o artigo assume que os clubes são responsáveis pelos seus torcedores. Pelo pouco que entendo de direito, a única pessoa responsável pelos atos de uma pessoa adulta é ela mesma. Tudo bem, pode caber a uma instituição fazer o possível para evitar fraudes, tumultos, crimes, etc. Mas para isso a instituição deve, no mínimo, ter poder de fiscalização ou policiamento. E isso os clubes não têm. Nem o Náutico, nem o Flamengo, nem o Manchester United, nem qualquer clube do mundo. Portanto não podem ser responsabilizados por atos de desordem dos seus torcedores.

Sobra o argumento de que punir o clube é uma maneira de punir o torcedor. Bem, esse argumento é muito fraco, pois pode-se estar punindo uma verdadeira multidão (além do próprio clube) por atos de pessoas isoladas, o que fere qualquer princípio de justiça.

Ora, o STJD está punindo o Náutico pela truculência da polícia militar, e má educação do jogador André Luis do Botafogo. O que poderia ter o Náutico feito? Treinado a polícia? Educado o jogador?

Situação parecida já viveram outros clubes. Só para citar um exemplo recente, o Flamengo foi punido ano passado porque um torcedor jogou uma lata de cerveja no campo. O indivíduo foi imediatamente preso pela polícia com a ajuda de outros torcedores. O que poderia o Flamengo ter feito? Revistado todas as pessoas que entram no Maracanã? Ter posto um policial ao lado de cada torcedor pra pará-los no exato momento em que fossem jogar algo no gramado?

Em 2014 a Copa do Mundo será no Brasil. Pelo mesmo princípio o STJD terá que punir a CBF por qualquer coisa que aconteça nos estádios. Quem viver verá.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Pesquisas com Células Tronco Embrionárias

Semana passada o Supremo autorizou a pesquisa com células-tronco embrionárias no Brasil (veja aqui). Abaixo reproduzo a opinião de um grande amigo sobre o tema.

1) O que a Ciência tem a ver com isso?

A Ciência -- entendida como ciência biologica -- municia o Direito com um marco zero, um momento a partir do qual uma coisa, ou um ser, ou uma pessoa, ou o que seja, tem um "pai" e uma "mãe". Há então ao menos três sujeitos envolvidos, e como se sabe, bastam dois para que haja litigio. A partir daí o que a Ciência faz é identificar processos e só. Ou seja, se não for por uma razão utilitarista, de que vale a Ciência definir categoricamente que a vida começa na concepção, na nidação, na formação do sistema nervoso ou mesmo no nascimento? Ambos os lados envovidos na questão dizem ter a Ciência consigo mas temo que -- nesse quesito -- a mesma não pode, não deve e nunca vai estar do lado de ninguém pois foge totalmente a seus fins.

2) O que a religião tem a ver com isso?

Entre pessoas contrárias a pesquisas com CTE, existem católicos, judeus, evangélicos e mesmo ateus ou agnósticos. Sei disso porque conheço ao menos dois individuos em cada um desses times. Enfim, a questão é "laica" e "opinável" como bem insistiu a mídia. O triste é constatar que o único setor da sociedade a encarar o assunto de forma realmente "religiosa" é a propria mídia. Pontificou que as tais pesquisas sao a nossa "salvação", e que "vá pro inferno" quem pensa diferente...

3) "Células inviaveis", "Não é vida humana" ou "Fins justificam meios"?

Todos os argumentos que vi pró-pesquisa com CTE se fundamentam em um dos 3 principios acima. O primeiro expirou cedo posto que ha células declaradas "inviáveis" que se mostraram viáveis depois. O segundo é valido mas traz como corolário a necessidade de se postular quando a vida começa, e aí sinceramente não vejo tanta diferença entre 14 dias ou 9 meses. Quem define que a vida começa aqui ou acolá é porque quer intervir antes. Ao contrário, os que se opoem à interrupção da vida a qualquer instante não o fazem por postularem que a mesma começa na concepção, mas simplesmente por se verem incapazes de dizer quando ela começa, o que me parece bem mais prudente. Sobraria entao o terceiro principio, dito fascista por muitos, mas talvez justificavel em alguns casos. A meu ver, porém, vai de encontro ao "direito a vida".

4) O que é o "direito a vida"?

Não sei, mas seja lá o que for, pertence ao sujeito e mais ninguém. O argumento de que as tais pesquisas tem o consentimento dos "doadores" não procede. Os "doadores" são o que em linguagem comum se chama "pais da criança" e é logico que esses não podem dispor sobre a vida da mesma. Neste sentido, é dificil que todo esse tema não evoque as "pesquisas" feitas com judeus em campos de concentração, a título de exemplo. Lógico que seria uma barbaridade estabelecer um paralelo nesse caso. Há muita gente nobre que defende pesquisa com CTE, e os motivos, não menos nobres. Ha uma diferença brutal entre as circunstancias. Mas vale lembrar que em ambos os casos se abre mão da prerrogativa de que vidas mais fortes não tem o direito de arbitrar sobre vidas mais fracas, seja porque o são de fato, seja porque desarmadas...

5) Qual o limiar da nossa compaixão?

Uma mulher abandonou um bebê recém-nascido na Lagoa da Pampulha e foi tratada como assasina por todos os jornais. Ninguém perguntou se o bebê era anencéfalo, se nasceu de estupro ou se se tratava de uma gravidez indesejada. Dois dias antes e a "assassina" seria "uma mulher cujas opções devem ser respeitadas". Posso parecer um ET mas honestamente não vejo tanta diferença entre um bebê intra ou extra útero. A tese de que o "embrião não é pessoa e nem pode ser amado" afronta um pouco o costume agora comum entre casais de "documentar a gestação". Se fosse possível detectar o dia da concepção, qual é o casal que não gostaria de uma foto do filho ainda zigoto?

6) Quem vai se beneficiar da Lei?

Confesso que fiquei decepcionado vendo o abismo existente entre o que a midia promete e o estado da arte em pesquisas com CTE em países, mesmo desenvolvidos, onde não há restrição. Pior, sao cientistas seríssimos, de curricula invejáveis, o que só agrava a situação. Isso sem falar na relação embriões estimados por caso vis a vis estoques atuais. De onde vai vir tanto embrião? Quem vai fornecer? Quanto vai custar?!! Concordo plenamente que, em matéria de Ciência, sempre vale a pena esperar. O que não impede um certo dissabor. Os doentes que queremos curar talvez só se beneficiem da lei se viverem 500 anos, e alguns poucos podem lucrar muito em menos de 5...

7) Porque não investir mais em pesquisa com células tronco adultas?

O Brasil já é referência em pesquisas deste tipo. A decisão do Supremo vai dividir esforcos e dispendio. Começamos atrasados e em assunto sem garantia de retorno científico num futuro próximo. E a gente bem sabe que no Brasil, não é que sobre dinheiro pra pesquisa....

8) O que nos sensibiliza mais?

Claro que comove ver os tantos doentes presentes na sessão do Supremo. Mas me pergunto se não me comoveria mais ver na mesma sessão o tal garoto declarado "célula inviável" e que não estaria lá se tivesse sido "doado à pesquisa". Sinceramente não sei responder. Mas sei que o primeiro sentimento se baseia em uma esperança, o segundo é absolutamente real.

9) O que o Supremo decidiu?

Inúmeras coisas, mas, bem ou mal, avançou em pelo menos 14 dias o limite de respeito a vida. Paises avancados já o avancaram mais longe antes; e paises mais avançados talvez o avancem ainda mais no futuro. O que nos cabe a cada um de nos é julgar é se isto realmente constitui um avanço.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

A leitura, a matemática, as ciências, e a filosofia

Nos últimos anos a OECD (Organization for Economic Co-operation and Development) vem desenvolvendo o excelente Programme for International Student Assessment (PISA). A idéia do projeto é avaliar e comparar o desempenho de alunos de 15 anos de idade de diversos países em leitura, matemática e ciências (veja aqui).

O resultado é assustador. No teste de 2000 foi avaliada a capacidade de leitura e compreensão de textos dos alunos em 32 países. Advinhem a posição do Brasil. Pois é. Último colocado disparado (veja na página 4 desse relatório).

Em 2003 foi a vez dos testes de matemática. O Brasil foi 38º de 40. Chegou na frente apenas da Tunísia e Indonésia (veja a página 11 desse relatório).

Em 2006, ciências. Dessa vez 52º de um total de 57 (veja a página 51 desse relatório). Dessa vez fomos melhor do que Indonésia, Tunísia, Azerbaijão, Qatar, e “Kyrgystan” (como se escreve isso em português?).

Como pode-se ver, os resultados demonstram que o ensino no Brasil é pífio. O problema não é apenas estar mal nos rankings, mas estar muito, mas muito atrás de países onde o ensino é apenas razoável.

Pois então. Diante desse quadro calamitoso, o presidente do Brasil em exercício, José Alencar, sanciona hoje o projeto de lei que torna obrigatória a inclusão do ensino de filosofia e sociologia nas escolas do ensino médio (veja aqui). É demais. Ao invés de concentrar esforços no que realmente importa (português, matemática e ciências), o Brasil vai investir tempo e dinheiro em filosofia e sociologia.

Não quero desmerecer a filosofia nem a sociologia que são campos do conhecimento fundamentais, mas como esperar que alunos que mal sabem ler e contar aprendam essas matérias?

O meu medo é que o ensino de filosofia e sociologia se torne apenas mais um instrumento de doutrinação partidária, como já acontece com geografia e história.

sábado, 31 de maio de 2008

Parcerias de respeito

Essa saiu ontem à noite: o Brasil quer ser sócio número 1 de Cuba. Foi o que disse o Celso Amorim em visita à ilha (veja aqui).

É demais. Vai ter talento pra ter parceiro ruim no inferno! Bolívia, Venezuela, Cuba, Farc... Dessa forma em breve estaremos anunciando parcerias com a Coréia do Norte e seu ditador facínora.

Parece que estamos tomando o papel que durante a guerra fria foi da União Soviética, isto é, dar apoio aos regimes comunistas e anti-democráticos espalhados pelo mundo. Além da ajuda a organizações terroristas que pretendem difundir o comunismo.

E ainda tem gente que acredita que o PT não quer implantar o comunismo no Brasil. Faz sentido, eles querem implantar o comunismo no mundo inteiro, mas vão poupar o Brasil... Deve ser...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Liberdade é isso aí

A China suspendeu as transmissões da NBA em seu território por serem “muito divertidas” para um país que está de luto, diz a agência de notícias EFE (veja aqui).

Isso é socialismo puro. Um burocrata decide arbitrariamente o que as pessoas podem ou não podem assistir.

Preparem-se brasileiros! Já é assim na Venezuela, e pelo andar da carruagem podemos acabar da mesma forma.

Basta lembrarmos da tentativa de controle das universidades, da tentativa de controle da imprensa, da tentativa de expulsão do jornalista americano, e da nova rede de televisão estatal.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Contramão

“Long live the Unity of Latin America” – Hugo Chávez

O presidente Lula afirmou ontem no seu programa de rádio semanal que a América do Sul caminha para a criação de uma moeda e Banco Central únicos, o que, segundo ele, tornaria os países membros “mais fortes e mais soberanos” (veja aqui).

Será mesmo? Obviamente o presidente não explica de que forma nos tornaremos mais fortes e mais soberanos ao termos a mesma moeda que a Bolívia, o Paraguai, a Venezuela, e outros mais.

Uma união monetária nos moldes da União Européia tem custos e benefícios. O maior benefício é uma maior abertura entre os países membros devido aos menores custos de transação. Esse benefício se faz mais importante quanto maior for o comércio e o investimento entre os países membros. Para se ter um exemplo, Bélgica e Luxemburgo exportavam 57% do seu PIB para outros países da UE em 2000, enquanto a Alemanha exportava 15.9% (fonte: EU - Commission European Economy, statistical appendix, www.europa.eu.int).

E quanto ao Brasil? Em 2007 o Brasil exportou US$ 161 bilhões, dos quais apenas US$ 17 bilhões foram para o Mercosul e US$ 10 bilhões para a Comunidade Andina das Nações (fonte: Secretaria de Comércio Exterior). Como o nosso PIB gira em torno de US$ 1.4 trilhão, podemos facilmente perceber que a importância desses países para a nossa economia é muito baixa. Ou seja, o comércio com os outros países da América do Sul teria que se multiplicar muitas vezes para justificar uma união monetária com esses países.

Um outro fator para vários países que se juntaram ao Euro foi poder se beneficiar da reputação do banco central alemão como defensor de uma moeda forte e estável. No nosso caso alguém acredita seriamente que podemos ter um benefício semelhante com o banco centrais argentinos, bolivianos, venezuelanos, ou paraguaios?

E quanto às desvantagens? Bem, a mais importante é que perderíamos a nossa independência monetária. Isso quer dizer que não mais poderíamos definir as taxas de juros ou câmbio de acordo com as nossas necessidades e teríamos que acomodar as necessidades dos outros países. Esse custo pode ser mais ou menos importante de acordo com a semelhança entre os países. Países parecidos têm necessiades parecidas.

Vários critérios podem ser usados para determinar os custos da política monetária comum. Os custos tendem a ser menores quando os ciclos econômicos são sincronizados, quando os fatores de produção (trabalho por exemplo) são móveis, quando preços e salários são flexíveis, e quando a redistribuição de recursos fiscais é coordenada. No caso da América do Sul os custos serão bastante altos, pois as economias são bastante diferentes entre si, a força de trabalho não é nada flexível (é raro o caso de um brasileiro se mudando pra Venezuela ou vice-versa), salários são bastante rígidos em todos os países sul-americanos, e não há a menor integração fiscal (imagina a chiadeira dos argentinos se tiverem que mandar dinheiro pro Brasil porque estamos em recessão).

Resumindo, os custos da união monetária são altos e o benefício é baixo. Não faz o menor sentindo abrirmos mão da soberania sobre a moeda sem termos praticamente nenhum benefício em troca. Essa história de “mais fortes e mais soberanos” não passa de balela do governo petista e mais um passo na direção da integração com governos como o de Chávez, Morales e Kirchner, todos com inclinações anti-democráticas e anti-capitalistas.

Vamos acelerando na contramão. Histórias assim não acabam bem...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Papagaio japonês

As últimas 24 horas tiveram diversas barbaridades dignas de comentário. Tivemos o Aparecido dizendo que vazou informações sigilosas “por engano” (veja aqui), o que muito me lembra os gastos com cartão de crédito também feitos por engano (aqui). Essa nova moda dos petistas...

Tivemos também a proposta de prorrogação por até 20 anos das concessões de linhas de ônibus no Rio de Janeiro sem licitação e sem contrapartida para o governo ou a população (saiba mais aqui). Os caras prestam um serviço caro e vergonhoso à população e ainda querem proteção. As vans vieram em boa hora...

Mas o mais bizarro foi o papagaio que se perdeu em Tóquio. Depois de ser levado ao zoológico e conseguir superar a timidez, resolveu falar o seu nome e dar o endereço completo de onde mora (aqui).

Moral da história: se papagaio votasse lula não se elegeria.

terça-feira, 20 de maio de 2008

É proibido ser feliz

Parece mesmo que em todo lugar do mundo político é um bicho burro e/ou populista. Até mesmo na França. Pelo visto, sobretudo na França. Pois então, segundo a agência de notícias Reuters, o governo daquele país cogita proibir o happy hour (veja aqui). A medida faz parte de uma iniciativa contra o vício em álcool e drogas.

É demais. A idéia não passa de mais uma tentativa estúpida e abusiva de usar a lei para controlar o comportamento das pessoas. Não se deve proibir o happy hour simplesmente porque algumas pessoas podem, eventualmente, após muitos anos de bebedeira, virar alcoólatras. E como fica a grande maioria da pessoas? E os donos de bares e restaurantes?

Não custa quererem proibir o consumo de sorvete na hora do almoço para evitar a obesidade.

O direito ao casamento

A suprema corte da Califórnia acaba de decidir que as pessoas têm o direito fundamental de casar, não importando o sexo do parceiro (veja aqui). Isso nada mais é do que a legalização do casamento gay na Califórnia. A decisão tem sido fonte de intermináveis debates na mídia americana. A minha idéia não é esgotar o assunto, mas apenas tentar pensá-lo sob o ponto de vista liberal.

Se acreditamos que a liberdade individual implica no direito de se fazer o que bem se entende contanto que não se cause danos aos outros, então a lei deve se limitar a proteger os indivíduos. Ela não deve regular as nossas consciências, idéias, desejos, vontades, educação, opinião, trabalho, talentos, vontades, ou prazeres. A lei deve apenas proteger o livre exercício desses direitos e evitar a interferência de outras pessoas.

Isso não implica que não devamos ajudar as pessoas a distinguir o melhor do pior, estimulá-las a tomar a direção correta, desenvolver as suas habilidades e evitar a degradação. Mas isso não nos dá o direito de dizê-las o que devem ou não devem fazer das suas vidas. As pessoas são as maiores interessadas no seu próprio bem estar. Cada um deve ser o juiz final das suas escolhas.

Se as pessoas não são capazes de dicidir por conta própria o que é melhor para elas em um assunto tão importante como o casamento, então elas não são capazes de escolher o seu destino por conta própria de maneira responsável. Se os gays são incapazes, imorais e ignorantes como querem fazer crer quem é contra o casamento gay, então eles não deveriam nem mesmo poder votar. Se não têm capacidade para escolher o seu próprio destino, então não devem poder influenciar o destino dos outros.

O argumento contra o casamento gay poderia então ser feito com base nos danos que ele poderia causar aos outros. Esse dano se daria através do mau exemplo que poderia até mesmo causar a desintegração da família. É claro que exemplos podem ser sempre perniciosos. Mas se o exemplo do casamento gay é mesmo tão negativo, então não há motivos para preocupação, pois isso deveria, através do contraste, deixar o casamento entre homem e mulher ainda mais atrativo para as pessoas. Ou será que as pessoas não têm capacidade de comparar um ao outro?

Acredito que quem opta pelo casamento gay está tomando a decisão errada e vai acabar sofrendo as conseqüências negativas, mas a decisão deve caber a cada um.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O IPEA pode fazer melhor

O IPEA acaba de publicar o documento “Desigualdades raciais, racismo e políticas públicas: 120 anos após a abolição”. O documento é um festival de barbaridades (veja aqui).

Nas primeiras 4 das suas 16 páginas, os autores descrevem o suposto racismo da população brasileira. Tudo sem citar sequer uma fonte, um estudo, ou uma estatística. Ou seja, não há qualquer bibliografia ou dado concreto para que o leitor do documento do IPEA possa julgar por conta própria a validade histórica do que está sendo dito.

Após vagas e genéricas acusações de racismo, o documento mostra a evolução da proporção da população negra em relação à população total do Brasil e conclui que em 2010 a maioria da população do Brasil será negra. É claro que o documento nem mesmo tenta definir o que ele considera como sendo uma pessoa negra. Pelo que pude entender, o(s) autor(es) consider(am) como sendo negra toda a população negra e parda, como definidas pelo IBGE. Ora, por que incluir os pardos entre os negros? São eles também vítimas do racismo? Qual é a evidência disso? Como podem imaginar, nenhuma evidência é dada.

Na sua quinta seção o documento finalmente resolve mostrar alguns dados. O problema é que a análise é tão ruim que talvez fosse melhor ficar nas generalidades. Vamos lá. Ele começa admitindo que a política generalista de universalização da educação foi um sucesso em diminuir a desigualdade entre brancos e pretos: em 1976 a diferença na taxa de alfabetização entre brancos e negros aos 16 anos de idade era de 13,9%, em 1987 de apenas 2%. O problema é que o documento conclui que políticas universalistas não funcionam porque o acesso dos negros ao ensino superior ainda é baixo e muito menor do que o dos brancos. Ora, o problema não parece estar nas políticas universalistas em si, mas sim na falta de universalização do ensino superior, o que afeta a todos os pobres, e não apenas os negros.

Mas a coisa fica mais complicada. Os autores calculam que na década de 80 um branco ganhava em média 2.4 vezes mais do que um negro. Mostram ainda que a partir de 2000 essa desigualdade começou a cair e hoje se encontra por volta de 2,1. Para os autores, isso é o resultado de políticas universalistas como o Bolsa Família ou mesmo o simples desenvolvimento econômico. Os autores então calculam que nesse ritmo demoraria 32 anos para que a renda média do negro fosse igual à do branco, e portanto, políticas afirmativas são necessárias. Mas caramba, a preocupação dos autores é apenas com os negros pobres. Como ficam o brancos pobres? Querer priorizar um e não o outro não constitui racismo?

Os autores clamam por políticas afirmativas. Porém, em 16 páginas são incapazes de mostrar de que maneira políticas afirmativas seriam mais eficientes que as atuais políticas. Não mostram as evidências de outros países com políticas afirmativas e nem mesmo avaliam o grau de sucesso da política de cotas em universidades como a UERJ, que já adota cotas desde 2003.

O documento ignora estudos do próprio IPEA, como o do economista Rafael Guerreiro Osório, que conclui que a origem social, e não a cor da pele, é o principal fator na determinação do acesso à educação, apesar de reconhecer que a cor também influencia (veja aqui).

Infelizmente estudos como esse parecem mesmo ser a regra no governo petista. Primeiro vem a conclusão e depois a pesquisa. Falta seriedade e competência. O IPEA não merece isso*.

*Para quem quiser ler mais sobre o tema recomendo o excelente Não Somos Racistas, do Ali Kamel (aqui).

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Moda praia

A revista britânica The Economist, uma das mais sérias e respeitadas publicações econômicas do mundo resolveu fazer humor. Como esperado o resultado foi pífio.

Na sua edição de 10 de janeiro de 2008, eles publicaram um texto sobre a demografia do Brasil, dando especial ênfase à cidade do Rio de Janeiro. Segundo o artigo, a cidade do Rio de Janeiro tem apenas 86.4 homens pra cada 100 mulheres. Tentando fazer uma graça, o autor pergunta se não é essa a explicação para o tamanho dos biquines usados pelas cariocas (veja aqui).

Mas como o próprio artigo diz, a maior diferença entre a população de homens e de mulheres se dá entre os idosos. E mulheres idosas não usam biquini de tamanho algum.

O autor termina o artigo reconhecendo que a explicação do biquini é apenas uma brincadeira. Mas poderíamos aproveitar a lógica dele para tentar explicar o topless das européias.

Vai ver os europeus viraram bicha.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Esqueceram do Hipócrates

O Ministério da Saúde resolveu realizar uma campanha para incentivar o parto normal (veja aqui), uma vez que a cesariana já representa 43% dos partos realizados pelo SUS e 80% dos partos realizados pela rede privada. Esses números colocam o Brasil em segundo lugar no ranking mundial de cesarianas.

Quando entrevistadas antes do parto, 70% das mulheres dizem preferir o parto normal. É certo que algumas mulheres terão problemas durante o parto normal que justificam a cesariana, mas o índice de 80% de cesarianas na rede privada é absurdo! A única explicação plausível é que, por diversos motivos, os médicos estão fazendo cesarianas a despeito da vontade das mães. A impressão que dá é que na rede privada só têm parto normal as mães que já chegam ao hospital já parindo.

Para justificar as cesarianas os médicos dão diversas desculpas que mais parecem desculpa de jogador de futebol pra explicar a derrota. É uma mais esfarrapada do que a outra: “a cabeça não está bem encaixada”, “se esperarmos mais um dia pelo parto é ruim pro bebê”, etc. Como as mães não tem outra opção a não ser confiar no médico, elas acabam aceitando a cirurgia. Poxa vida, falem a verdade. Falem que não querem acordar no meio da noite, falem que não querem perder um dia de consulta no consultório, falem que a cesariana paga melhor, falem que é o último capítulo da novela.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Conexões perigosas

É difícil de acreditar, mas consegui descobrir uma colunista pior do que o Hélio Schwartsman, da Folha de São Paulo. O nome da figura é Márcia Denser e ela escreve no site Congresso em Foco. Escritora, jornalista, publicitária e comunista raivosa, ela se mete a escrever sobre política e economia. O problema é que ela não tem a menor noção sobre o que está escrevendo. Vou comentar somente as maiores barbaridades, pois caso contrário a coluna viraria livro.

Na sua última coluna (veja aqui) ela começa dizendo:

“Lembro apenas que a crise de alimentos tem tudo a ver com a crise financeira, mas como a população é caolha e absolutamente desinformada, nada mais me resta senão tentar estabelecer tal conexão...”

Já deu pra ver o naipe não é mesmo? Pois bem, ela diz que vai explicar a conexão entre a crise dos alimentos e a crise financeira. De fato devo estar no meio da população caolha, pois não sabia da tal conexão. Então fui lendo, lendo e nada da conexão. Até que ela escreve:

“...a financeirização oculta a abissal dissociação entre capital financeiro e capital produtivo (e é aí que entram os alimentos), o que determina que, em qualquer momento, os títulos fiduciários começam a perder seu valor de troca e transformar-se em lixo.”

Ahhhhhh. Os alimentos entram aí, entendeu? Pois ela só pode estar de sacanagem!!! É demais. Essa baboseira não faz o menor sentido! O que ela quer dizer com a “financeirização oculta a dissociação entre capital financeiro e capital produtivo”? E o que os alimentos têm a ver com isso? Não só ela não explica a tal conexão como também passa recibo de que não faz idéia do que está falando.

E depois de chamar a economia americana de “economia de papel”, ela diz:

“...durante essa década [90] o valor das ações [americanas] cresceu 1.000%, mas a economia real cresceu apenas 50%."

1.000%? Não preciso nem olhar os números pra saber que a bolsa americana não cresceu de valor 10 vezes na década de 90*. O pior é que ela não tem nem ao menos senso crítico pra perceber que o número não pode estar correto. Mas olhem a fonte dela que interessante: Declaração do Comitê Equatoriano contra a Alca, 2002. Precisa dizer mais?

Fica a minha sugestão para que ela desista de comentar economia e política e volte a organizar livros sobre contos eróticos. Todos sairão ganhando.

*Na verdade o S&P 500 cresceu 315.7% na década de 90. Fonte: Yahoo!Finance.

sábado, 3 de maio de 2008

A Marcha da Maconha e a liberdade de expressão*

O ministério público acabou por proibir em diversas cidades brasileiras a Marcha da Maconha (veja aqui, aqui, e também aqui), movimento que busca a legalização da droga. O argumento dos promotores é que a marcha representa “verdadeira guerra declarada contra a saúde pública”.

Não sou usuário de maconha e nem a favor da legalização. Mas sou a favor da liberdade de pensamento e expressão. Essa liberdade só existe quando se pode discutir livremente qualquer idéia ou doutrina, por mais imoral que ela seja.

No caso da maconha, por exemplo, aqueles que desejam calar a voz dos manifestantes acreditam estarem corretos sobre a proibição da maconha, porém eles não são infalíveis. Eles não têm autoridade para julgar a questão por todo mundo e excluir os outros desse julgamento. Recusar que outras pessoas sejam ouvidas sobre o tema simplesmente porque acreditam que elas estejam erradas, significa assumir que se tem certeza absoluta do que é certo. Ou seja, quem proíbe os outros de se expressar por estarem eles errados se acha infalível. Mas a história está cheia de exemplos de julgamentos “infalíveis”. Um do mais notórios é o da Inquisição que ordenou a prisão de Galileu por ele ter a visão supostamente herética de que a Terra gira em torno do Sol.

Mas o maior problema de querer calar os outros à força é que ao se fazer isso, todos são prejudicados, tanto os que são favoráveis quanto os que são contra. Se a legalização for o mais correto, então perdemos a oportunidade de corrigir o nosso erro. Se a legalização for a decisão errada, então perdemos a oportunidade de, através do debate, convencer aqueles favoráveis à legalização.

*Não há nada de novo nos meus argumentos. Pelo contrário, retirei todos eles do excelente On Liberty, do inglês John Stuart Mill.

Não corra da raia

Acredite, idéias idiotas não são monopólio do PT. Outros esquerdistas da América Latina também aprontam das suas. Pois então, Maria Soledad Vela, deputada no Equador, propôs uma lei para garantir satisfação sexual às mulheres daquele país. Mulheres insatisfeitas poderiam até mesmo processar seus maridos (veja aqui).

É demais. Como assim satisfação sexual? Quanto orgasmos por semana serão necessários? Se o marido estiver doente ele terá desconto? E quem vai fazer a fiscalização? E se a mulher for um jaburu? E se ela for frígida?

Essa idéia totalitária de querer legislar sobre todos os aspectos da vida das pessoas, até mesmo os mais íntimos, está passando dos limites. Desse jeito vai ter gente de bem indo pro xadrez!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

O salvador da pátria

Segundo pesquisa do Insituto Sensus divulgada hoje, mais da metade dos brasileiros deseja uma mudança constitucional para que o presidente Lula possa concorrer a um terceiro mandato (veja aqui).

É demais. Sem entrarmos no mérito se o Lula faz um bom governo, é corrupto, ou já aprendeu a ler e escrever, a pesquisa demonstra a total incapacidade política de metade da nossa população, além do desrespeito à constituiçào brasileira.

A incapacidade política fica evidente quando o apoio ao terceiro mandato oscila de acordo com a aprovação do governo. Ou seja, ao decidirem a possibilidade de um terceiro mandato para os presidentes do Brasil as pessoas simplesmente avaliam se gostariam de ter o Lula na presidência por mais quatro anos. Ou seja, decisões de longo prazo são tomadas levianamente e questões como respeito à constituição e riscos à democracia parecem ser totalmente ignoradas.

Mas querer que o brasileiro médio pense em qualquer coisa que não seja o crediário das Casas Bahia parece ser pedir muito.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Arroz com Leitão

O governo Lula proibiu quarta-feira a exportação de arroz dos estoques públicos com o objetivo de segurar os preços no mercado interno. A ameaça do governo, caso os preços internos não caiam, é fazer o mesmo com o setor privado, instituindo tarifas de exportação ou mesmo a total proibição (veja aqui).

Então. A primeira coisa que se aprende em qualquer curso sério de economia é que os preços são o principal mecanismo de sinalização que os agentes têm para alocar recursos excassos. E que quando se restringe o funcionamento dos mercados a eficiência econômica diminui.

No caso do arroz, o resultado é óbvio: prejuízo para os agricultores. Mas a coisa não pára por aí. A se confirmarem as restrições impostas pelo governo, a consequência será menos agricultores plantando arroz para a safra do ano que vem, resultando em uma oferta menor do produto e um preço maior pra o consumidor. Ou seja, exatamente o oposto do que pretende o governo.

Querer controlar os preços do arroz é uma intromissão desnecessária em uma matéria que deve ser puramente privada.

Mas o PT ter políticas econômicas populistas e idiotas não espanta ninguém. Triste é a Míriam Leitão achar a idéia boa (veja aqui). A sua evidência é que países como China, Índia, Indonésia e Malásia fizeram o mesmo. Como se esses países dessem bom exemplo de política econômica! É demais. Das duas uma: ou ela não entende nada de economia, ou resolveu dar apoio político ao PT (quem sabe as duas coisas). O pior é que ela espalha essas barbaridades na Rede Globo, na Globo News, na rário CBN e no jornal O Globo.

A essa altura, quem planta milho deve estar de cabelos em pé.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O filósofo que não leu Aristóteles

A notícia não é nova, mas vou comentá-la mesmo assim, pois poucas vezes li uma barbaridade tão grande. E o pior, a pérola foi escrita por um editorialista da Folha de São Paulo, Hélio Schwartsman, e publicada no dia 10/04/2008. Veja:

Se o direito à vida desde a concepção é sempre e em todo caso inegociável, como sustentam alguns grupos religiosos, torna-se lícito e até virtuosos assassinar médicos que praticam o aborto

É demais. É tão grotesco que fica difícil de comentar. Segundo o autor, bacharel em filosofia, quem defende a vida incondicionalmente deve achar lícito e virtuoso cometer assassinato!

Para justificar a sua conclusão, Schwartsman recorre a uma falácia das mais comuns, e devidamente identificada por Aristóteles. É a velha história, o autor pega um caso isolado e o transforma em regra geral:

“Na mente do zeloso ativista, o paradoxo nem se coloca. Houve casos assim nos EUA. É a lógica dos homens-bomba”

Ou seja, segundo o autor, se um defensor da vida foi capaz de assassinar médicos nos EUA, então todos devem ser também. Se um defensor da vida é um louco radical, todos são loucos radicais.

Na verdade, esse mais parece um ataque velado a Igreja Católica, grupo religioso que defende o direito à vida desde a concepção. Mas ao contrário do que diz o filósofo, a Igreja nunca achou lícito ou virtuoso o assassinato de ninguém. Essa é uma acusação séria, leviana, sem sentido, e mentirosa.

Acredito que a vida seja sempre inviolável. Até mesmo dos médicos que praticam o aborto.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Gravidez pequenininha

O professor de economia da USP Fernando Homem de Melo, disse em entrevista ao Espaço Aberto da Globonews que o Banco Central errou ao subir os juros porque a inflação é nos preços dos alimentos (veja aqui). O raciocínio é que a alta nos preços dos alimentos no mercado doméstico é causada pela alta internacional nos preços das commodities agrícolas. Ora, se os juros no Brasil não afetam os preços internacionais das commodities, então não adianta subir os juros. Ainda segundo o economista subir os juros só serve pra baixar o dólar.

É demais. Será que ele não sabe que um real mais forte significa preços mais baixos (em reais) das commodities agrícolas? Será que ele não reconhece que esse é precisamente um dos mecanismos que vai ajudar a segurar o preço dos alimentos e a inflação? Será que ele já se esqueceu que “inflação pequenininha é como gravidez pequenininha”?

O compromisso do BC é com a meta de inflação, e não com os exportadores de café (veja aqui).

domingo, 20 de abril de 2008

Vai doer no bolso

O Lula é frouxo. Isso ficou mais do que evidente quando o governo boliviano estatizou ativos da Petrobras na Bolívia pagando valores substancialmente abaixo do valor de mercado e forçou o Brasil a renegociar o preço pago pelo gás boliviano antes do término do contrato. O governo brasileiro nem mesmo chiou. O pior é que menos de um ano depois a Petrobras anunciava novos investimentos na Bolívia (veja aqui).

Com a reputação de frouxo do Lula firmemente estabelecida, não tardaria pro Paraguai querer tirar uma casquinha também. Pois então, hoje é dia de eleição no Paraguai, e não é difícil de imaginar a proposta que ganha força por lá. É isso mesmo. Renegociar as tarifas que o Brasil paga pela energia de Itaipu (veja aqui, aqui e aqui). O argumento principal é de que o atual acordo não tem validade porque foi assinado por uma ditadura militar. O argumento faz sentido, uma vez que se o governo não é legítimo, então a população não deve ser obrigada a honrar os seus compromissos. Ou seja, quem assina acordos com ditaduras deve estar preparado pra quebras de contrato.

Resta ao brasileiro se preparar pra mais um aumento nos preços da energia.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Cada macaco no seu galho

O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse hoje que usar produtos alimentícios pra fazer biocombustíveis representa um grave problema moral porque eleva o preço dos alimentos (veja aqui). É demais.

O FMI não deve entrar nessa de discutir moralidade dos preços dos alimentos. Primeiro porque não é da alçada deles. Segundo porque se formos entrar no mérito da moralidade dos preços, a conversa vai ser longa. Quem é que pode dizer se um preço é moral ou não? Qual o critério? Moralidade se aplica apenas aos preços dos alimentos ou dos medicamentos também? E quanto aos preços dos livros? E do algodão, cabelereiro, academia de ginástica? Já viram aonde vou chegar né? Uma vez que se começa a discussão, ela não tem fim. Se um preço tem moral, todos os preços têm moral. E se formos querer definir cada preço, então por necessidade teremos que planejar toda economia.

O retrospecto do FMI nas crises financeiras não é dos mais brilhantes. Tudo bem, na maior parte das vezes os políticos populistas é que faziam cagada. Mas se estão sem nada melhor pra fazer, tirem férias, porque discutir moralidade de preços é coisa de comunista.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Descontroladinho Emocional

“Descontroladinho emocional”. Essa é a definição dada pela psicóloga Hilda Morana ao médico que esquartejou a cliente e amante. Segundo O Globo, a conclusão foi feita após a aplicação do teste de Rorcharch [sic], veja aqui. Uma pesquisa relâmpago no Wikipedia* mostra que o teste inventado em 1921 apresenta uma série de problemas que praticamente invalidam suas conclusões, e muitos consideram-no como pseudo-ciência. Mas a sua utilização nas cortes brasileiras está longe de ser o nosso maior problema.

A relativização moral e excessiva psicologização levam a conclusões como essa dada pela psicóloga. Parece não haver mais limites claros entre o certo e o errado. Sequestraram o embaixador? Isso não é crime... é política! Botou fogo no índio? Coisa de adolescente! Roubou um banco? Coitado... estava com fome! Usou o cartão corporativo no free shop? Um simples engano! Esquartejou a amante? Nada demais, somente um descontrolezinho emocional! Parece que ninguém mais é responsável pelos próprios atos. Ou há um objetivo “maior” que os justifica, ou uma circunstância social que atenua, ou ainda uma química no cérebro que está errada.

Precisamos de menos desculpas e mais decência.

*Se quiser saber mais sobre o teste, procure por “Rorschach inkblot test”.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Liberdade?

É mais do que claro que sistemas que tentam impor um planejamento econômico de cima pra baixo requerem que as pessoas concordem em todo o código ético, caso contrário elas não estarão dispostas a trabalhar pelo que não concordam. Se os valores pessoais são diferentes, cada um terá o seu objetivo próprio e rapidamente o planejamento ruirá.

A maneira mais efetiva de fazer com que as pessoas aceitem a validade dos valores que elas devem seguir é persuadindo-as de que esses valores são, na verdade, os mesmos valores que elas sempre tiveram, mas que antes não entendiam perfeitamente. Hugo Chávez, por exemplo, abusa dessa estratégia, distorcendo completamente tudo o que foi dito por Simón Bolívar. A técnica usada é a de usar as palavras antigas, mas dando a elas novos significados, pervertendo toda a linguagem. O jornal de hoje nos dá um exemplo vivo (veja aqui). É demais. Ao plantar as sementes da censura na Argentina, Cristina Kirchner explicou o seu objetivo:

- Garantir o direito e a liberdade de que todas as vozes, plurais e democráticas, possam ter acesso aos meios de comunicação.

Precisa dizer mais?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A Felicidade Geral da Nação

Uma vez que se admite que o indivíduo é apenas um instrumento que serve aos objetivos de uma entidade maior chamada sociedade ou nação, algumas características que tanto nos assustam seguem por necessidade. Quando há um objetivo final superior, não sobra espaço para as regras ou para a moral. Como nesses sistemas é o líder quem determina os objetivos, seus seguidores não podem ter suas próprias convicções morais. Se isso fosse permitido, os objetivos do líder poderiam ser questionados, o seu planejamento arruinado e o “bem da nação” prejudicado.

É exatamente isso que acontece no MST. Seus líderes têm o objetivo de implantar no Brasil o regime socialista. Seus seguidores são simples instrumento de manobra política, sem qualquer capacidade de raciocínio próprio, sem convicções morais e prontos para quebrar qualquer lei. Os exemplos são numerosos, invasão de propriedades privadas, ataques à Aracruz, Vale e Ambev, invasão do congresso, agressões físicas, etc. Para eles tudo é permitido para se alcançar o “bem” maior (veja aqui). É como disse o prefeito de Parauapebas, Darci Lermen (PT):

- Se tiver que ocupar ocupa. Se tiver que fazer...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Bichos Escrotos

É demais. A BBC noticia hoje que descobriram um fóssil de uma serpente com pernas (veja aqui). A criatura de 85 centímetros de comprimento achada no Líbano teria vivido cerca de 92 milhões de anos atrás. A ciência avança cada vez mais rápido e do jeito que a coisa anda um dia podem até achar lula que pensa!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

"Me Enganei"

Matilde Ribeiro disse hoje que se enganou. Pra quem não lembra, Matilde Ribeiro é a ex-ministra da Igualdade Racial que foi pega usando o cartão do ministério pra fazer compras pessoais no free-shop (veja aqui). É demais. Ela se enganou e usou o cartão de crédito errado, coitada. O curioso é como esse tipo de engano nunca é ao contrário, pagar despesas públicas com o cartão pessoal...

Agora imaginem por um momento se todos os brasileiros tivessem o mesmo direito que os petistas acham que têm de dizer "eu me enganei" ou "eu não sabia":

Fiscal da Receita Federal: "Seu Juvenal, por que você não declarou todos os seus rendimentos?"
Juvenal: "Tinha que declarar tudo? Eu não sabia"
FRF: "Ahhh, não sabia? Então tudo bem. E você declara aqui que tem 100 filhos! Isso não é possivel! Você fez isso pra aumentar a sua restitução?"
Juvenal: "Que isso seu fiscal? É que eu me enganei."
FRF: "E você colocou gastos com viagem internacional como despesa médica!"
Juvenal: "Qual o problema? Uma ida a Paris é muito melhor do que qualquer terapia"
FRF: "Mas não pode!"
Juvenal: "Não pode? Eu não sabia"
FRF: "Você tá achando que isso aqui é brincadeira?! Tá pensando que está aonde?"
Juvenal: "Não estamos em Brasília? Vichi, então eu me enganei!"

terça-feira, 8 de abril de 2008

Pé de Chinelo

Overconfidence, ou excesso de confiança, é um viés psicológico apresentado por quase todas as pessoas. Significa simplesmente que as pessoas tendem a superestimar as próprias capacidades sistematicamente. Experimente por exemplo perguntar às pessoas que você conhece se elas dirigem melhor do que a média. Arrisco dizer que 75% dirá que sim, o que é claramente impossível.

Pois então, segundo a Lancepress, o Rubinho Barrichello afirma que "se me derem um carro ainda serei campeão do mundo" (veja aqui). É demais! O rapaz correu na Ferrari de 2000 a 2005, na equipe que tinha disparado o melhor carro e nunca chegou perto do título. Em 256 corridas na Fórmula 1 ganhou apenas 9, sendo a ultima vitoria em 2004. Em 2007 terminou a temporada sem conquistar um único ponto. Protagonizou uma cena vergonhosa para o esporte ao deixar Schumacher passá-lo na reta final do GP da Áustria em 2002.

O Barrichello teve a sua chance e não aproveitou.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Relaxa e Goza

O Globo noticia hoje que o governo federal vai inaugurar uma fábrica estatal de camisinhas no Acre (veja aqui). É demais. Já ouvi todo tipo de baboseira para justificar investimento público em uma esfera que deveria ser privada: interesses estratégicos, segurança nacional, desenvolvimento de tecnologia, luta contra monopólios privados, desenvolvimento regional, etc. Mas fábrica de camisinhas no Acre? Será que há falta de camisinhas no Brasil? Será que o governo brasileiro produzirá camisinhas mais barato que o setor privado? Ou de maior qualidade? Desenvolveremos novas tecnologias? Será que não há nada melhor pra fazer com o dinheiro?

É difícil crer que essa fábrica tenha qualquer propósito que não seja político. E todos sabem qual é o destino de mais esse empreendimento federal: cabide de empregos, superfaturamento, ineficiência, etc. E, como sempre, quem mais sai perdendo é o pobre ignorante, ou alguém duvida que o único comprador dessas camisinhas será o Ministério da Saúde que as distribuirá de graça nas suas campanhas públicas e nos hospitais?

sábado, 5 de abril de 2008

Mais um Desmoralizado

Os narcotraficantes do Rio de Janeiro já haviam desmoralizado a polícia militar, o legislativo municipal, o legislativo estadual e o judiciário. O mais novo membro dessa lista é o exército brasileiro. É demais. Segundo noticia hoje o jornal Extra (para ler a notícia na íntegra clique aqui), ao ser chamado para ocupar o Morro da Providência e garantir a segurança dos trabalhadores que reformariam casas na favela, o exército mandou três oficiais para negociar com os traficantes. O acordo garantiria que os traficantes dariam uma "trégua" caso não fossem incomodados. Da maneira que as instituições brasileiras vão sendo desmoralizadas uma após a outra, vai chegar o dia em que ao invés de pagar impostos pra receita federal, vamos pagar "proteção" pro traficante do bairro.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Direitos Iguais

Somente nos Estados Unidos mesmo um deficiente físico tem as mesmas oportunidades de uma pessoa normal. É demais. A Associated Press acaba de noticiar que um homem roubou um banco na Califórnia em uma cadeira de rodas. É isso mesmo! O deficiente entrou no banco armado, pegou a grana, e foi embora. A polícia ainda não tem certeza se o cara era mesmo deficiente ou a cadeira de rodas era apenas um disfarce (clique aqui pra saber mais). Fala sério! O cara tem que ter muito sangue frio pra se disfarçar de deficiente!!!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Sucesso é crime

Parece ser esse o caso no Brasil. É demais. Conforme notícia divulgada pela revista Veja, o governo quer criar mais um imposto, agora sobre patrimônios superiores a R$10,98 milhões . É a velha história, fazer justiça social com o dinheiro dos outros é mole. O pior é que podemos ter certeza que tanto a população brasileira quanto toda a classe política será a favor de mais esse populismo. Na verdade, o PT e o PSDB já estão brigando pra saber quem é o pai da proposta: "Temos presença no DNA dessa proposta", disse o líder do PSDB, José Aníbal.

O que as pessoas facilmente esquecem é que sendo esse mais um ataque ao sistema de propriedades privadas, ele é também um ataque às liberdades individuais. E isso não apenas para aqueles que têm patrimônio superior a R$10,98 milhões, mas para todo mundo. É justamente a propriedade privada que possibilita as pessoas a escolherem o seu caminho. Em outras palavras, no sistema capitalista o maior multi-bilionário tem um poder menor sobre a minha vida do que qualquer burocrata recalcado em um sistema socialista.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Leviandade Clandestina

Como não podia deixar de ser, começamos com o nosso presidente. É demais! Segundo o Lula, a Dilma foi vítima de uma "leviandade clandestina". Ainda segundo o Lula, venderam a idéia de que um simples banco de dados seria um dossiê. Primeiro eu gostaria que o Lula me explicasse qual a diferença entre banco de dados e dossiê. Segundo, a secretária executiva da Dilma monta o "banco de dados" sobre o FHC e a vitima nao é o FHC, mas a Dilma. Como sempre, o PT se faz de vítima. Terceiro, pra que mesmo um "banco de dados" sobre o FHC? Seria para protegê-lo de atentados terroristas? Acho que não! A cara de pau do PT é demais.