quarta-feira, 23 de abril de 2008

O filósofo que não leu Aristóteles

A notícia não é nova, mas vou comentá-la mesmo assim, pois poucas vezes li uma barbaridade tão grande. E o pior, a pérola foi escrita por um editorialista da Folha de São Paulo, Hélio Schwartsman, e publicada no dia 10/04/2008. Veja:

Se o direito à vida desde a concepção é sempre e em todo caso inegociável, como sustentam alguns grupos religiosos, torna-se lícito e até virtuosos assassinar médicos que praticam o aborto

É demais. É tão grotesco que fica difícil de comentar. Segundo o autor, bacharel em filosofia, quem defende a vida incondicionalmente deve achar lícito e virtuoso cometer assassinato!

Para justificar a sua conclusão, Schwartsman recorre a uma falácia das mais comuns, e devidamente identificada por Aristóteles. É a velha história, o autor pega um caso isolado e o transforma em regra geral:

“Na mente do zeloso ativista, o paradoxo nem se coloca. Houve casos assim nos EUA. É a lógica dos homens-bomba”

Ou seja, segundo o autor, se um defensor da vida foi capaz de assassinar médicos nos EUA, então todos devem ser também. Se um defensor da vida é um louco radical, todos são loucos radicais.

Na verdade, esse mais parece um ataque velado a Igreja Católica, grupo religioso que defende o direito à vida desde a concepção. Mas ao contrário do que diz o filósofo, a Igreja nunca achou lícito ou virtuoso o assassinato de ninguém. Essa é uma acusação séria, leviana, sem sentido, e mentirosa.

Acredito que a vida seja sempre inviolável. Até mesmo dos médicos que praticam o aborto.

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